A Queda

Texto da aluna do curso de Direito, da Faculdade Batista Brasileira, Fabiane Leitão

E lá está ela, fitando seu algoz.

Intrépida e elegante! Os tempos idos a marcaram com um refinamento que nem o caos conseguiu apagar.

Quando apareceu pela primeira vez, tornou-se o assunto da Capital. Seus encantos inebriaram barões, viscondes, marqueses e duques. Há quem diga que até mesmo o Imperador ficou fascinado com tanta opulência.

Tenho saudades! Lembro-me do dia em que me acolheu. Já não era tão famosa; seu brilho havia diminuído. Estava desolada, coitada.

Não tínhamos recursos, mas éramos felizes. De vez em quando, a presenteava com rosas amarelas. Eram suas favoritas. Tinha a mania de me proteger da chuva, do vento e do sol forte. Dizia que minha saúde requeria cuidados. Tão carinhosa!

Pensei que passaríamos o resto de nossos dias juntos. Sonhava em envelhecer ao seu lado… Mas os homens fardados nos separaram. Disseram que ela não me pertencia, que meu lugar era no morro.

Entreguei-me aos prantos. Pensei em todas as alegrias que havíamos compartilhado e em como ela era importante para mim. Fui arrancado da minha vida, da minha casa, do meu lar!

Falaram que a cidade estava se modernizando e que no local seria construído um prédio que alcançaria as nuvens.

E cá estou, com meus pés no chão, espreitando sua derrocada. Vendo minha história ruir.

Foi atingida, não demorou muito. Tombou dignamente, de uma só vez!